BRINDEMOS A VIDA E A ARTE!

Nossa confraria não tem regulamentos, contratos ou regras, apenas a vontade de nos reunirmos para apreciarmos a boa companhia... e o bom vinho.

Our guild has no regulations, contracts or rules, just a willingness to come together to enjoy the good company ... and good wine.

Background: Caravaggio, Baco. 1593-1594.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

03º ENCONTRO DE 2015 (30 DE MAIO)

CASTAS POUCO VISITADAS 2


Após mais um excepcional encontro para degustação, a Maldita Confraria se consolida como um referencial para os apreciadores de vinho. Como comprova a quantidade de garrafas na imagem acima, chegamos a um número elevado de confreiras e confrades, mesmo em uma degustação simples, sem jantar e fora de qualquer data especial.
O nosso formato rústico, fraternal e informal, sem relegar a seriedade a plano inferior, atrai mais confreiras e confrades a cada novo encontro. E temos a honra de assistir ao desenvolvimento pessoal de cada membro, cada vez mais capaz de transitar no mundo do vinho, desde a boa conversa até a participação na análise, na organização dos eventos e a segurança para garimpar bons rótulos no mercado para seu consumo quotidiano.
Nesse terceiro encontro de 2015 conhecemos mais castas pouco comuns no Brasil. Foram 24 garrafas de cinco castas raras: Negroamaro, Primitivo, Pinotage, Mencía e a raríssima Tinta Grossa.

Clique o link 2015 - 03º ENCONTRO (30/MAI) e confira nossas impressões.

Até 25 de Julho!

quinta-feira, 4 de junho de 2015

ITÁLIA - A-MANO - NEGROAMARO - 2012


NOSSA AVALIAÇÃO


A subjetividade tem um papel ativo na avaliação de vinhos. Por isso, procuramos apresentar uma avaliação ponderada das impressões individuais visando um resultado coerente de todos os elementos analisados. Além disso, deve-se levar em conta que a avaliação de cada vinho é feita em comparação aos demais degustados na mesma noite, podendo mostrar-se diferente em degustações futuras.

Primeiro vinho da degustação de 30 de maio de 2015, o Negroamaro italiano de Puglia foi realmente bastante apreciado pelos confrades e confreiras. Todavia, na avaliação técnica acabou em terceiro lugar, meio ponto atrás dos empatados no segundo lugar. Finalmente um exemplar italiano que pareceu agradar mais que os tantos outros de degustações anteriores.

Sua cor rubi médio caminhando para granada brilhante mostra o bom nível de evolução desse varietal Negroamaro. A boa viscosidade na taça indicou o álcool satisfatório confirmado na boca.

Os aromas insinuantes mostraram boa complexidade indo de frutas como cerejas, amoras e ameixas até adocicados como melaço e açúcar queimado, passando por pimenta do reino e azeitona, café, folhas secas e minerais ferrosos.

Apresentou-se prazeroso na boca com seu corpo estruturado e bom equilíbrio entre taninos macios, acidez controlada e álcool médio. A complexidade aromática se repete no retrogosto aprazível que demora na boca.

Na análise geral, é um bom vinho que teve o azar de concorrer com outros tão bons quanto, ficando atrás dos empatados em segundo lugar por apenas meio ponto. Sua nota foi 77.5, portanto no quarto final da escala até 100 que o coloca entre os bons vinhos degustados pela Maldita Confraria.

ITÁLIA - PRIMA-MANO - PRIMITIVO - 2008


NOSSA AVALIAÇÃO


A subjetividade tem um papel ativo na avaliação de vinhos. Por isso, procuramos apresentar uma avaliação ponderada das impressões individuais visando um resultado coerente de todos os elementos analisados. Além disso, deve-se levar em conta que a avaliação de cada vinho é feita em comparação aos demais degustados na mesma noite, podendo mostrar-se diferente em degustações futuras.

Surgindo como o vinho mais complexo da noite, não apenas pela variedade de aromas, mas também por ter sido o mais controverso, esse italiano acabou como um vinho mediano para atender às impressões gerais.

Diferente de todos os demais degustados na noite, sua cor estava entre granada e atijolada, marrom para alguns, o que indica um vinho já maduro. Não chegava a ser opaco, mas também não podia ser considerado límpido. De fato sua cor confundiu a análise. A viscosidade mostrou-se interessante.

Inicialmente os aromas mostraram-se duvidosos, mas no giro da taça surgiram cassis, nozes, castanhas e damascos. Especiarias como pimentão, cogumelos e trufas, um defumado, folhas úmidas e terra molhada, bacon, madeira lembrando carvalho e novamente adocicados como melaço e geléias.

Na boca mostrou-se pesado, corpulento, mas chegou a lembrar vinho do porto no retrogosto, porém sem a mesma elegância e doçura. Os taninos pareceram já esgotados, o álcool e a acidez razoáveis. O retrogosto realmente potente e a longa permanência na boca não significaram propriamente algo tão agradável.

A análise geral mostrou mais uma vez nossa desconfiança ou azar com os italianos. Alguns companheiros gostaram um pouco mais, outros um pouco menos e outros acharam que o vinho já estava em processo decadente. Talvez uma safra mais nova se apresente melhor do que essa 2008. A nota, ao final, acabou sendo bastante boa. O primitivo italiano ficou com 73.5, mas não foi consensual.

BRASIL - LARENTIS - PINOTAGE - 2013


NOSSA AVALIAÇÃO


A subjetividade tem um papel ativo na avaliação de vinhos. Por isso, procuramos apresentar uma avaliação ponderada das impressões individuais visando um resultado coerente de todos os elementos analisados. Além disso, deve-se levar em conta que a avaliação de cada vinho é feita em comparação aos demais degustados na mesma noite, podendo mostrar-se diferente em degustações futuras.

Não bastando nosso eterno desafio de conhecer os bons vinhos brasileiros, ainda propomos compará-los aos estrangeiros. Esse foi o caso desse Pinotage gaúcho. No caso dessa casta pouco comum por aqui, o desafio foi ainda maior ao contrapô-lo a um legítimo sulafricano.

Nosso Pinotage da Larentis chegou a ser eleito o melhor da noite por um dos membros que participou da degustação, mas, em geral, esse brasileiro foi prejudicado pelo forte odor de enxofre que, se identificado a tempo, talvez pudesse ser eliminado no decanter.

Sua cor violeta de intensidade média com reflexos também violáceos denotaram sua jovialidade. Límpido, mas sua baixa untuosidade confirma o deficiente nível alcoólico estampado no rótulo. Lembrando que trata-se de um Pinotage produzido no Brasil, isso não deve ser propriamente um demérito, mas acaba colocando o Larentis numa posição desconfortável em relação aos demais rótulos degustados.

A princípio, os aromas explodem duvidosos pelo alto teor de enxofre, mas aos pouco abre se mostra frutado, denotando frutas vermelhas como cerejas, groselhas e framboesas, maçã e manga muito madura e algo próximo a romã. O tomilho, o feno e até um sous bois aliados a um certo odor de suor animal lhe conferem alguma complexidade aromática, mas não obscurecem sua característica mais frutada como geléias.

Na boca, mostrou-se estruturado, mas um pouco desequilibrado. Os taninos moderados não lhe prometem vida longa (e talvez a proposta seja mesmo a de um vinho jovem). A acidez pareceu bastante razoável, mas o álcool é realmente baixo. Em todo caso, o retrogosto é melhor que os aromas diretos, mas sua persistência não é tão longa quanto a dos concorrentes da noite.

Como o decanter não conseguiu a tempo lhe proporcionar uma nota melhor, o nosso Pinotage ficou com 62.5 na nossa escala até 100 e em último lugar entre os vinhos da noite na análise técnica e para a maioria dos degustadores. De qualquer maneira, ainda longe dos 50 pontos que começariam a duvidar de sua qualidade.


ÁFRICA DO SUL - LA CAPRA - PINOTAGE - 2010


NOSSA AVALIAÇÃO


A subjetividade tem um papel ativo na avaliação de vinhos. Por isso, procuramos apresentar uma avaliação ponderada das impressões individuais visando um resultado coerente de todos os elementos analisados. Além disso, deve-se levar em conta que a avaliação de cada vinho é feita em comparação aos demais degustados na mesma noite, podendo mostrar-se diferente em degustações futuras.

A posição ocupada na degustação da noite acabou favorecendo este sulafricano Pinotage, pois tinha o objetivo de ser comparado ao representante brasileiro desta mesma casta. Tecnicamente empatado no segundo lugar com o espanhol Mencía, o La Capra ficou também com uma nota 78.0 na nossa escala até 100.

Certamente sua cor rubi intensa e brilhante o colocaram numa posição privilegiada na degustação da noite. Terminando a análise visual, sua interessante viscosidade previa o bom nível de álcool que veio a se confirmar.

Os perfumados e notáveis aromas frutados de amoras, ameixas e cassis com um toque de avelã sobrepuseram-se ao leve tabaco e tons minerais rochosos e impuseram um potente tutti frutti. Apresentou ainda algo animal lembrando couro e notas de violeta. Um tom herbáceo lembrando capim deixou alguma dúvida sobre sua evolução.

Taninos macios, acidez equilibrada e álcool na medida certa aliados a um bom corpo conferiram ao Pinotage sulafricano a boa nota, merecida também pela razoável persistência.

ESPANHA - ALVAREZ DE TOLEDO ROBLE - MENCIA - 2009


NOSSA AVALIAÇÃO


A subjetividade tem um papel ativo na avaliação de vinhos. Por isso, procuramos apresentar uma avaliação ponderada das impressões individuais visando um resultado coerente de todos os elementos analisados. Além disso, deve-se levar em conta que a avaliação de cada vinho é feita em comparação aos demais degustados na mesma noite, podendo mostrar-se diferente em degustações futuras.

Esse Mencía espanhol, casta pouco comum no Brazil, pode evoluir ainda, mas já se apresenta como um bom vinho.

De coloração de púrpura para rubi médio com halo violáceo foi um pouco prejudicado na análise visual, mostrando-se melhor no nariz e boca. De qualquer maneira, mostrou-se límpido e com interessante viscosidade.

O primeiro contato com o nariz já apresentou aromas interessantes e bem perceptíveis. De média complexidade, ficou entre frutado e empireumático, exibindo notas de cassis, figos e damasco com aspectos tostados de café, tabaco e açúcar queimado, trazendo ainda especiarias como pimenta e algo de azeitona, um leve floral de violeta e um fundo de serragem provavelmente pelos dez meses de barrica.

É um vinho de boa estrutura, com taninos macios e bom nível alcoólico, mas com acidez elevada. Interessante retrogosto e boa persistência na boca

Esse espanhol acabou concorrendo de muito perto com outros bons vinhos da noite, de modo que sua muito boa nota 78.0 na nossa escala até 100 merece referência e o deixou no segundo lugar da noite na análise técnica, empatado com o Pinotage Sulafricano, ainda que apenas por meio ponto em relação ao italiano Negroamaro.

PORTUGAL - PAULO LAUREANO SELECTIO - TINTA GROSSA - 2011

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NOSSA AVALIAÇÃO

A subjetividade tem um papel ativo na avaliação de vinhos. Por isso, procuramos apresentar uma avaliação ponderada das impressões individuais visando um resultado coerente de todos os elementos analisados. Além disso, deve-se levar em conta que a avaliação de cada vinho é feita em comparação aos demais degustados na mesma noite, podendo mostrar-se diferente em degustações futuras.

Esse português foi a expectativa da noite, principalmente por tratar-se do único varietal da pouco conhecida casta Tinta Grossa que conhecemos e por ser o vinho mais caro da noite. Os dois aspectos foram contemplados na degustação e a expectativa não foi frustrada de modo algum. Apesar do gosto diversificado dos 27 membros degustadores, o Paulo Laureano Selectio foi o vencedor da análise técnica.

Trata-se de um vinho de coloração rubi intensa e brilhante, untuoso, com formação densa de lágrimas lentas indicando um nível preciso de álcool.

Após uma hora de decantação, o tinta grossa apresentou aromas agradáveis e explosivos no primeiro contato olfativo. Com tendência ao frutado, exibiu notas de amoras, framboesas, ameixas pretas, groselhas e cassis, mas as frutas foram só o começo. Esse varietal mostrou-se complexo, apresentando especiarias como pimentão e alcaçuz, um toque de chocolate, folhas secas, notas florais de violetas, além de aspectos aromáticos rochosos e um bom toque amanteigado. Se houvesse defeito, ele seria uma leve emanação de acetona, mas nada prejudicial.

Na boca o resultado foi a confirmação das indicações acima. Um vinho bem feito, encorpado, robusto, com taninos sedosos em perfeita harmonia com o álcool. Apenas a acidez sobressaiu-se um pouco, mas não chegou a tirar o equilíbrio. Como esperado, o retrogosto foi intenso e suportado por uma persistência longa e prazerosa.

Por tudo isso, o Tinta Grossa levou impressionantes 86,0 pontos na nossa escala até 100. Poucos conseguiram tal feito. Assim, ele vai para a nossa lista dos melhores da Maldita Confraria que estamos preparando para breve.

Apesar de caro, na análise geral o português do Alentejo pode ser considerado um bom vinho, não trazendo arrependimento pelo investimento. Recomendamos.